Bullying é um dos fenômenos mais
falados atualmente. Sua denominação caracteriza situações de agressões que
podem ser físicas ou verbais, assim como presenciais ou virtuais.
O termo
vem da Língua Inglesa, da palavra "Bully" que
traduzida tem o significado bruto de "brigão". O que se
entende ser o ato de humilhar, amedrontar, intimidar alguém de forma
proposital e muitas vezes, repetidamente.
Ele pode
acontecer em muitos ambientes e um dos mais comentados é no escolar.
Beiro os
trinta anos e posso dizer que, na minha infância e
adolescência não existia nome para isso. Assim como o Racismo era
falado, mas não respeitado. Era muito comum ouvir: "o japa",
"o negão", "o alemão", "o chinês", "o
careca", "o gordo", "o baixinho", "a magrela",
"a grandona", ”o vesgo” , "a altona", " a
bonitona", enfim... Inúmeros adjetivos para todos. E por mais
que tais nomes machucassem e causassem tristeza para os
assim chamados, nada era feito e as pessoas pareciam não pensar no
assunto. Não quero aparentar reclamação por dizer que ninguém pensava
no assunto. Quero passar a ideia de que isso não era pensado (por algum motivo
que não sei especificar - talvez, éramos mais inocentes? Não sei) e acho
rico, que hoje, estudem, falem e analisem as situações. É muito importante,
pois as consequências podem ser marcantes na vida da criança ou do
adolescente.
Acredito
que não sejam, só as denominações tidas como maldosas, as que causem funções
negativas. Em outras palavras, crianças e adolescentes considerados
muito bonitos ou bons em determinados campos também acabam sofrendo isolamento.
Temos três
realidades que são as que quero comentar aqui: O bullying passado que é aquele que aconteceu
antes de estudarem o assunto e assim o chamarem, o presente que é o
que se fala atualmente e o futuro que podemos apenas, dar
palpites de como será.
Hoje,
temos a internet. Não podemos não considerá-la. Redes sociais são quase que
casas virtuais e lá se recebe quem se quer (na suposta casa). Vive-se
virtualmente.
Minha vontade em falar do assunto, despertou a
partir do contato com um grupo formado em uma rede social. Seus integrantes: alunos
de uma mesma escola. Lá resolveram juntar-se e usar o espaço para:
postar fotos, comentar sobre o antes e o depois, combinar reencontros,
etc. O que fosse possível. Em determinado momento, me atentei
em observar que alguns integrantes não foram aos encontros, pareciam estar
envergonhados, demonstravam sentimentos de que gostariam de ir, mas não se
sentiam acolhidos (QUE FIQUE CLARO QUE ESSA É MINHA
IMPRESSÃO). Na verdade, o grupo parece ter
adicionado muitas pessoas, mas no fim, apenas os mesmos (amigos do passado
e talvez, ainda no presente) foram os que organizaram e foram aos
encontros (sem haver exclusão da parte deles, ou seja, convidaram todos,
mas nem todos foram).
Pergunta:
Como fará aquele aluno que quer ir, mas que se sentia rejeitado na época (da
escola) para ir ao encontro?
Pensemos:
essa pessoa cresceu numa época em que bullying
não era bullying. Era um apelido (ou inimizade do
amigo) e ponto final. Na época, ele tinha duas possibilidades: contar para
os pais e escola (que muitas vezes, diziam para ser forte e enfrentar
ou se afastar do amiguinho que o magoara) ou ir pra casa (sem, muitas
vezes, contar para pais ou escola) e fingir que não era com ele
(embora a atitude tivesse um impacto psicológico no sujeito. Causando
sofrimento da mesma forma). Essa pessoa cresceu e entre as várias
possibilidades de como aprendeu a lidar com o mundo, uma delas pode ter sido a
de se afastar. Afastar remete ao medo. Ao não enfrentamento. Ao ato de não ir,
de desviar. Saudável? Não sei. Foi a forma como aprendeu a lidar. Anos se passaram, e via internet (sim, a
internet trouxe a possibilidade de termos que criar outros desvios na vida
- se antes eu fazia de tudo para não encontrar aquele "cara" que
"ria de mim" na infância - na internet ele veio sem ser chamado
e preciso aprender de alguma forma a lidar com isso novamente) ele
encontra seus amigos de infância. Os mesmos que o levaram muitas
vezes, ao isolamento. E que eram idolatrados por outros amigos. Sim!
Os "valentões" eram, muitas vezes, tidos como legais. E
eis, que EM MINHA OPINIÃO, aquele mesmo sentimento da infância, volta. É
como se naquele grupo feito na rede social, voltassem todos a ter dez anos
de idade. E isso traz o sentimento de desprezo, isolamento,
falta de acolhimento.
Seguindo
esse raciocínio penso o seguinte: a criança ou adolescente dos anos oitenta, noventa
(ou anterior) têm sua forma de lidar com o mundo completamente diferente da
criança ou adolescente dos anos 2000.
Hoje,
todos se atentam mais ao assunto. Pais e equipe escolar percebem mais rápidos
se aquele aluno está ou não triste por alguma atitude do colega ao lado. Alunos
se preocupam mais, antes de chamar o amigo de "gordo" ou
"baixinho", crianças e adolescentes sabem mais sobre bullying do que especialistas no
assunto. Ou seja, há um lado mais "afável" nisso tudo, uma boa
convivência, certo cuidado com o outro e consigo mesmo. Mas, há um lado
negro também. "Eu não falo, mas continuo pensando". Não falo
mais: "E aí grandão?", mas penso: "Nossa! Que grandão!". E
sabem? Uma das coisas que acabou acontecendo é muito comum em diversos
assuntos: Apenas, coloca-se um véu sobre o tema. No fundo, no fundo, o
problema é o mesmo: Educação!
Precisamos
pensar educadamente. Não adianta não falar mais, mas pensar. Pois, o
pensar leva à atitude. E no fim, continua-se tratando o
"magrelo" como "magrelo", embora não o chame dessa forma.
Isola-se do mesmo jeito.
Penso
que, enquanto a educação não for foco, continuaremos (e aqui posso
chegar perto de dar meus palpites sobre o futuro) no estudo e não na
solução (e muitos dirão: Se é que há solução). Acho muito importante o
estudo do que são as coisas, mas seria mais interessante
ainda pensarmos e nos dedicarmos também à solução (mesmo que não haja
uma uniformidade), vista também em assuntos como a prevenção e
promoção de Saúde, por exemplo.
Concluindo:
não adianta eu pedir para que criança me conte se alguém o destratar. Muito
menos, dizer para não chamar o amigo de "gordo". É Preciso
ensiná-lo a pensar que o menino ao lado, que estuda com ele, é tão
humano quanto os outros. Não importa suas qualidades físicas ou
mentais. É necessário ensinar que se algum colega o faz sentir-se
mal, busque suas formas de lidar com aquilo: tentando
conversar com o amigo ou com familiares ou profissionais da escola, por
exemplo. Mas, isso tudo com tom de acolhimento e não de: "Conta o que
te falaram para eu ir lá reclamar". Até porque, antes de tomar essa
atitude temos que pensar que essa criança ou adolescente se sentirá mais
exposto ainda.
E um
ponto muito importante também, é que crianças reproduzem atitudes de adultos.
Então não são só eles que têm que pensar educadamente, os adultos ao redor
também.
Fica
minha tentativa de colaborar em levar o conhecimento de grandes estudiosos
(não a fazer sensacionalismo do assunto - porque mostrar situações de bullying é fácil - difícil é mostrar o
que se deve fazer para que não aconteça) sobre ao que mais tentam mostrar com
suas especialidades: o que é possível fazer para evitar tais comportamentos.
Não sou
especialista no assunto, mas recomendo o livro Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência
nas Escolas e Educar para a Paz de
Cléo Fante.
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